domingo, 20 de novembro de 2011

Tempo

 Tempo é a minha palavra favorita, penso que não existe palavra mais bonita e que mais agrade-me pronunciar. Desde pequena que sou fascinada pelo tempo, não o tempo que faz lá fora, mas o outro. Lembro-me de quem em pequena queria ser arqueóloga, descobrir os restos do passado, conhecer a nossa história, a história do mundo. História e tempo, palavras fascinantes. Recordo-me de ser pequena e pedir à minha avó que quando fosse crescida, se podia ficar com o relógio velhinho de madeira que estava na parede da sala. Sentava-me numa cadeira em frente a admira-lo durante tempos infinitos (I´m crazy, I know!). Hoje, passo a vida a pedir relógios emprestados à minha mãe (que adora relógios como eu), tal como fiz com a minha avó, pedi-lhe para ficar um dos relógios dela. O mais antigo que ela tem, que lembro de a ver com ele desde sempre, bracelete preta fina, mostrador dourado com duas pedrinhas encarnadas. Dos relógios mais bonitos que vi até hoje. Sou uma louca que quer ficar com os relógios de todos. Não consigo viver sem relógios, ou endoideço, tenho que andar sempre com um relógio. Não sei de onde vem este meu fascínio pelo tempo, talvez um dia descubra... E este fascínio, desde sempre levou-me a acreditar naquele ditado, «O tempo cura tudo», e até hoje curou sempre. Tudo, à excepção de uma coisa. (Há sempre homens metidos ao barulho neste assunto.) A dor que finjo não sentir ou que por momentos esqueço ter, a dor causada pelo meu pai. Ontem lembrou-se que tinha uma filha. Passei cinco minutos a falar para as paredes porque a pessoa do outro lado do telefone, parecia um estranho. Mas ainda não perdi a esperança, que o tempo cura tudo. E pela história fora, descobri imensos casos com finais felizes e eu vou ter o meu. 

1 comentário:

Sardine disse...

O tempo é sem dúvida uma coisa que apaixona. Tudo está ligado ao tempo, pelo menos tudo que é verdadeiro.
Acredita que vais ter um final feliz*